Por Marco Aurélio D’Eça e José Ribamar Campos Neto
Cardoso ficou ainda mais surpreso, após registrar a segunda ocorrência e ser procurado por uma equipe de policiais militares. “Os PMs disseram saber onde estavam meus equipamentos e me propuseram segurança privada. Disseram que os assaltos não mais ocorreriam se eu me dispusesse a pagar uma ‘contribuição’ mensal”, disse o jornalista. Valor da proteção: R$ 3 mil. “O mais grave é que os próprios policiais deram o destino dos meus computadores: estavam em lan-houses do Centro”, disse.
A partir deste encontro com os PMs, o jornalista deu de cara com dois crimes: 1 – proprietários de Lan-houses no Centro da cidade usavam bandidos para equipar seus negócios; 2 – policiais pagos pela sociedade para protegê-la estavam extorquindo essa mesma sociedade em troca da proteção.
As milícias urbanas formadas por policiais dominam os morros cariocas há cinco anos. Com a desculpa de proteger as comunidades, essas milícias, extorquem, roubam e aterrorizam os cidadãos cariocas que não aceitam pagá-las. Em São Luís as milícias ainda não são oficializadas como prática criminosa pelo Sistema de Segurança, mas a movimentação dos policiais no Centro mostram que o caminho parece ser este.
Sindicância
A história de Luís Cardoso foi denunciada em seu jornal e confirmada por outros comerciantes do Centro. “Os policiais cobram de R$ 300 a R$ 3 mil. E a gente tem que pagar senão é assaltado por ordem deles mesmo”, contou o empresário Francisco Dantas de Araújo, dono da Padaria Santa Isabel, na rua do Sol.
A história de Luís Cardoso foi denunciada em seu jornal e confirmada por outros comerciantes do Centro. “Os policiais cobram de R$ 300 a R$ 3 mil. E a gente tem que pagar senão é assaltado por ordem deles mesmo”, contou o empresário Francisco Dantas de Araújo, dono da Padaria Santa Isabel, na rua do Sol.
O comando da Polícia Militar tomou conhecimento do assunto ainda no final do ano passado. Em janeiro, abriu o procedimento investigativo número 00135/2008 (Sindicância) mas os desdobramentos foram curiosos: o jornalista Luís Cardoso passou a figurar como acusador da PM. “Eles mandaram várias intimações chamando para eu depor. Todas em tom de ameaças. Me senti coagido pela PM”, afirmou.
Responsável pela investigação, o major Luís Francisco Paiva, explicou que a única forma de chegar aos envolvidos é com a participação da própria população. “Os comerciantes se sentem ameaçados porque os PMs estão diariamente na comunidade. Temem represália. Mas sem o depoimento deles, não podemos fazer nada”, disse Paiva. O resultado é que a Sindicância até hoje não deu resultado algum.
E as patrulhas policiais continuam fazendo seu “trabalho” normalmente na região do Centro.
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