Por Rejanny Braga
As quebradeiras de coco conquistam o mercado de trabalho

Além da organização, através de associações, tais instituições proporcionam assessoria técnica e articulação junto às famílias das quebradeiras em suas lutas política e ambiental. Esse trabalho tem contribuído para a redução das desigualdades nas relações de gênero, garantindo o livre acesso aos babaçuais e a inserção de mulheres nas discussões a respeito de projetos produtivos econômicos.
Com o objetivo de lutar pela causa dessas mulheres, surgiu o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que atua em quatro estados, onde há a ocorrência da palmeira do babaçu: Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí. Com esse movimento elas já conquistaram muito, como a fábrica de sabonete, extração de óleos especiais, fabricação de papel reciclado, farmácia viva e compotas de frutas.
Através das lutas no MIQCB as quebradeiras estão buscando garantir o controle das áreas e da produção, agregando valor aos produtos e visando a competição no mercado. Além disso, atualmente, estão buscando mobilizar representantes de governos federal, estadual e municipal para debater alternativas de desenvolvimento para as regiões de babaçuais.
No Maranhão, fica a matriz do MIQCB, em São Luís, e conta com três regionais, sendo uma na Baixada Maranhense (no município de Viana), outra no Médio Mearim (em Pedreiras) e Imperatriz.
O MIQCB ainda conta com sedes em Tocantins (Bico do Papagaio), Sudeste do Pará (São Domingos do Araguaia) e Piauí (Esperantina).
A luta pelo acesso aos babaçuais
O MIQCB tem sido o principal articulador na luta pelo acesso aos babaçuais. Para garantir o livre acesso das quebradeiras aos babaçuais, foi criada a Lei do Babaçu Livre, já aprovada a nível estadual. Devido a lei, as mulheres têm o direito de acesso aos babaçuais, mesmo que eles estejam em propriedades privadas. Além disso, a Lei também proíbe as derrubadas, os cortes de cachos e o uso de herbicidas.
Para as mulheres que sobrevivem da quebra do coco, essa foi uma grande conquista. "Antes a gente era sujeito a quebrar e depois de quebrar ainda enfrentar o fazendeiro e ainda o vaqueiro. Ir lá fazer o empecilho das derrubadas, então para a gente é uma mudança muito grande, muito embora economicamente a gente não sinta grande evolução, mas só o fato da gente dizer a palavra babaçu livre, para entrar e sair, coletar e quebrar, já é uma mudança grande", disse Maria Silva, quebradeira de coco há vinte anos.
A garantia de acesso e preservação dos babaçuais vai muito além da fonte de renda. Significa manter vivas suas tradições e o equilíbrio com o meio ambiente, já que o babaçu acaba impedindo que suas paisagens se transformem apenas em capinzais para o gado.
Saiba mais sobre a luta das quebradeiras de coco através do MIQCB.
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