sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Movimentos Sociais comemoram conquista histórica dos quilombolas de Alcântara

Por Flávia Almeida e Danielle Lobato
A resistência e a luta das comunidades quilombolas de Alcântara se fez pela união de diversos movimentos sociais e sindicais que não exitaram em apelar até para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sediada em Washington D.C, nos Estados Unidos. O reconhecimento dessas comunidades tem para eles um valor histórico incontestável.
O militante do Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (MABE), Sérvulo de Jesus Moraes Borges, afirma que esse é momento é de vitória tanto para a sociedade civil quanto para o governo. “É importante não só para Alcântara, é importante para o processo nacional. Temos muitos processos travados que necessitam de ações concretas para serem resolvidos. Foi um passo importante dado pelo presidente Lula”, admitiu.
Para o quilombola Leonardo dos Anjos, morador da comunidade Brito e que representou os demais quilombolas em uma audiência na Convenção Interamericana dos Direitos Humanos, em Washington, essa conquista traz uma certa tranqüilidade após anos de luta. “É importante ter o título da terra em mãos, porque é uma garantia que a terra é nossa de fato e de direito.É o cumprimento do que diz a Constituição Federal e a Convenção 169”, explicou.
Já o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Alcântara, vereador e morador do povoado de Baixa Grande, Samuel Araújo Moraes, afirmou que o STTR nunca foi contra o projeto do CLA e sim contra a maneira como ele foi implantado, porque a perda maior foi para as comunidades negras.
Segundo o gestor de comunidades tradicionais da Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Maranhão, Ivo Fonseca, o reconhecimento do território quilombola de Alcântara veio num momento favorável para o movimento negro.
Ivo, que durante muitos anos foi o coordenador da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ), destacou que depois da titulação das terras o governo federal precisa avançar nas políticas públicas voltadas para as comunidades quilombolas.