quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

PAI-NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS!

A oração mais famosa do mundo faz cada vez mais parte do dia-a-dia das salas de aula da rede de escolas públicas do país

Por Kaysterly de Oliveira

Imaginar aulas de Ensino Religioso onde as crianças e pais de alunos a aceitem como disciplina característica da escola é comum para um colégio católico. Porém, será que a mesma disciplina de exercício facultativo em escolas particulares vem sendo aceita como ensino obrigatório e preciso na rede pública de ensino?

Cristina, mãe de Caio, 7 anos e André, 8 anos, faz questão de deixar os filhos na escola para assistirem e quando voltam para casa, procura assimilar o conhecimento que os filhos adquiriram em sala de aula, instruindo-os sobre a comunhão e o respeito mútuo. “Acredito que a base dos valores éticos e do conhecimento religioso começa em casa, com a família, a escola apenas complementa esse conhecimento”, afirma Cristina.

O ensino Religioso nas escolas estaduais e municipais é uma exigência da Constituição Federal de 1988 que foi regulamentada em 1996 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Para que a criança viesse adquirir valores morais e éticos, o princípio da educação do ensino religioso é o principal responsável pela criação e desenvolvimento do indivíduo na sociedade. Hoje a prática desta modalidade de ensino na grade curricular recebe verbas do estado.

Em São Luís, a escola Nice Lobão – CINTRA é uma das inúmeras escolas da cidade onde a disciplina é aceita de forma proveitosa pelos alunos. “Logo na chegada dos alunos de 1ª a 4ª série à sala de aula, todos sentam e rezam o Pai-Nosso satisfatoriamente, virou rotina”, afirma a professora de Ensino Religioso Luzimar de Sousa Mendonça que garante que nunca ouviu reclamação dos pais de alunos sobre as aulas. Afirma ainda, que essa prática de ensino deve ser impessoal. Suas aulas tratam da existência de Deus, de temas sociais e sobre o amor e nunca se deve convencer a criança que uma religião é melhor do que outra. “Nunca houve problemas acerca das variedades religiosas dos alunos, uma vez que ensinar religiosamente não é catequizar”, acrescenta a professora.

A diversidade de credos religiosos existentes no país, de acordo com o IBGE soma 43 denominações que se dividem em católicos, evangélicos e outras crenças. A maior representação no país é a religião católica. Onde 93% dos brasileiros consideram-se religiosos de acordo com a última pesquisa.

Para o frei José Luís Leitão, diretor do Instituto de Estudos Superiores do Maranhão-IESMA, o princípio da existência de um estado laico (sem religião) é maléfico para a sociedade, uma vez que nenhum ser humano pode viver sem pertencer a uma religião. No Brasil, mesmo com a variedade religiosa, as pessoas se consideram cristãs. Para ele, cabe à família instruir a criança a construir valores morais e éticos, a exercer a espiritualidade. “Os pais devem educar os filhos para uma sensibilidade religiosa e para uma sensibilidade moral” afirma o frei. O ensino Religioso como responsável pelo desenvolvimento de caráter está em segundo plano. “A prática do Ensino Religioso nas escolas, vai apenas acentuar os valores já centralizados no ser humano” conclui ele.

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