segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Reggae: uma manifestação cultural e muito preconceito

Por Paula Lima e Reginaldo Rodrigues

Tranças Rastafári, roupas despojadas, cigarros de maconha e as cores vermelho, amarelo e verde, essas são características simbólicas dos amantes do Reggae, que também têm em comum pontos de vistas e opiniões, que às vezes se divergem no quesito, qual a melhor radiola ou melhor banda de reggae.

Desde que foi aceito como cultura ludoviscense, há quatro décadas, o reggae deixou de ser um estilo de “dança de negros dos guetos” e ganhou outros cantos da cidade, se expandindo por todo Estado. A partir de então o movimento tem tido conquistas jamais pensadas no início do movimento.

O reggae produzido em São Luís, hoje é referência em todo o Brasil, de onde também se destaca o jeitinho de dançar. Esses costumes são característicos e únicos e tornaram-se uma identidade cultural uniforme que existe por trás desse gênero musical.

As controvérsias do reggae como cultura local
Quando se fala em Reggae como cultura local, é preciso antes se perguntar o que é cultura e o que é Reggae. A cultura pode ser considerada de duas maneiras. Uma delas é aquela que envolve apenas manifestações artísticas, sobre as quais lemos nos cadernos de cultura dos jornais. A outra envolve comportamentos e pontos de vista compartilhados.

Para o Professor Fábio Abreu, estudioso do estilo e comportamento jamaicano, o reggae maranhense pode ser analisado como um tipo específico de música oriundo da Jamaica do final dos anos 60, ou como uma prática musical variada e muito mais abrangente. “Mesmo assim, o reconhecimento do Reggae como cultura é uma conquista”, disse.

Ainda um tanto quanto controverso, o reggae não é unanimidade em São Luís, considerada a Jamaica Brasileira, pelos amantes da música jamaicana. O mesmo codinome é rechaçado por muitos, que não aceitam o reggae como cultura local. “São Luís não pode deixar de ser a Atenas, para ser apenas Jamaica Brasileira, isso seria um retrocesso”, afirma Vagner Pereira, aposentado e saudosista dos tempos que a capital maranhense era conhecida como a cidade berço da cultura mundial.

O preconceito
O reggae ainda gera sentimentos diferentes para pessoas diferentes. Nas dezenas de clubes espalhados por São Luís, a maioria dos regueiros ainda são pessoas simples, oriundas das comunidades periféricas e somam-se a este grupo, pessoas que têm interesses e comportamentos em comum. O que muitos não sabem sobre o adepto do Reggae é que a maioria deste são trabalhadores braçais, empregadas domésticas, entre outros, que tem no Reggae uma maneira para acabar com o baixo astral de uma dura realidade, sem oportunidades e muito preconceito.

Considerado o embaixador do Reggae maranhense, Fauzi Baydoun, da Banda Tribo de Jah, conta que o movimento cultural chegou bem depois do movimento musical. “Quando cheguei criei a banda em 1987, comecei a difundi-lo por aqui, primeiro através da banda, mas, devido às agendas de show, tivemos que mudar para o centro sul do país, mas sempre buscamos motivos para retornar e beber dessa fonte que é o reggae de São Luís”, contou.

Ele também preconceito assim com tantas outras bandas. “No início as pessoas diziam ‘uma banda formada por um doido e um bando de cegos’. Nós superamos isso, porque o Reggae surgiu para lutar contra o preconceito. É uma cultura anti-racista”, enfatizou.

Confira a música “Regueiros Guerreiros”, da Banda Tribo de Jah

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