segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Natal de São Luís ainda imune aos efeitos da crise financeira internacional

Comerciantes apostam no consumo nas festas de fim de ano

Por Marco Aurélio D’Eça

SÃO LUÍS – A pedagoga Lêda Lima dos Santos, 33, já está á procura dos itens das listas de presentes das pequenas Anne Rebecca e Ana Clara Lima. “Todo ano é assim. Em outubro, eu e meu marido pedimos a elas que elaborem a lista do Papai Noel. Então saímos às compras e, no Natal, já temos tudo comprado”, explicou ela. Crise econômica mundial? A pedagoga não demonstra preocupação com ela. “Viemos em um mundo virtual, onde as crises atingem as riquezas virtuais, de Bolsa de Valores. AQ economia real continua sua rota”, filosofa ela, tranqüila com o salário de funcionária pública e consultora.

Rua grande em dia de compra de fim de ano

Numa escala bem maior, o pensamento de Lêda Lima se repete também na rotina do empresário Paulo Sérgio Soares, sócio da rede Talentus Jeans, com cinco lojas na Rua Grande. “Nosso investimento nas festas de fim de ano foi todo feito ainda no mês de setembro. Nossa preocupação agora é incentivar o consumo. Por enquanto, seguimos tranqüilos, independente da quebra de bolsas e de bancos mundo afora”, diz ele.

Estes dois exemplos refletem a dicotomia entre a chamada vida real e a realidade construída nos meios de comunicação. O caos se formou no mundo inteiro a partir da crise imobiliária norte-americana, que já se refletiu nos bancos, nas seguradoras e agora na indústria automobilística. Isso aparece na TV e nas páginas de jornal e de internet. Nas ruas de São Luís o que se vê é um número de pessoas cada vez maior consumindo sempre mais.


Para a Associação Comercial do Maranhão, o Natal deste ano em São Luís deve apresentar um acréscimo nas vendas 10% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. “Existe uma crise? As empresas se prepararam para o Natal e a população tem respondido a este chamado. Devemos ter um natal importante”, avaliou o empresário Zeca Belo, presidente da ACM. (leia entrevista aqui)

A irmãs Rebecca e Ana Clara em shopping com decoração austera

Se o espetáculo do consumo deve se manter estável mesmo em meio à crise, o espetáculo das cores das festas natalinas parece ter sido suprimido do calendário de fim de ano das empresas.Os dois principais shoppings centers montaram uma decoração natalina um tanto espartana para mesmo para os padrões de São Luís. “É impressionante, mas a decoração deste ano parece ter sido feita apenas para que a data não passasse em branco. Faltou muita coisa”, reclamou a estudante universitária Maria Noelma Portela, em uma tarde de passeio pelo São Luís Shopping. Segundo o assessor de imprensa do shopping, Tony Melo, o problema se deu por causa do material de produção da decoração, que é todo importado. “De fato houve uma economia na decoração, haja vista que o material, quase todo importado, sairia caro demais, devido a alta do dólar. Aproveitamos muito do ano passado”, reconhece o assessor.

E o que dizer da ceia natalina? “Em nossa casa haverá a ceia tradicional que fazemos para toda a família”, afirma o jornalista Mathias Marinho, do GI portal (clique aqui para conhecer). “Este é o período de minhas férias. Nada vai impedir que eu possa aproveitá-lo ao máximo”, disse Marinho. “Sei que o preço das bebidas tende a subir, mas não posso abrir mão deste prazer”, afirma. A viagem de início de ano, em férias coma família, no entanto, o jornalista terá que adiar para 2010. É nestas viagens – geralmente ele conhece um país da América do Sul – que se pode perceber a quantas anda a crise internacional.

- por isso preferi adiar a deste ano – acautela-se o jornalista, que fiará em São Luís preparando um plano de negócio para o ano que vem. Com ou sem crise.