sexta-feira, 6 de junho de 2008

Comércio eletrônico comemora lucros e prevê, para este ano, faturamento de mais de R$ 80 bilhões

Por Alessandra Castro e Maurício Araya

No ano passado, o Brasil possuía pouco mais de 33 milhões de pessoas com acesso à Internet, sendo que 27,5 milhões são de usuários residenciais. Os dados foram revelados por uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e NetRankings. O número parece grande, mas em termos reais os usuários ativos não passam de 18 milhões, o que representa cerca de 10% dos 183,9 milhões de habitantes do país, segundo os dados registrados em dezembro de 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As estatísticas não são diferentes das médias mundiais de acesso à Internet: apenas 15,6% da população mundial têm acesso à rede, segundo os dados de 2006 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ilustração por MAURÍCIO ARAYA

Apesar da pequena fatia de usuários que utilizam a Rede Mundial de Computadores, o comércio eletrônico, ou e-commerce, têm conquistado bastantes lucros durante os últimos anos. Apesar da categoria estar em terceiro lugar na preferência dos internautas, o comércio na rede deve movimentar R$ 80,19 bilhões neste ano. Em épocas do ano como a semana dos Namorados, a movimentação nas vendas é significativa: neste ano, o varejo eletrônico garantiu um faturamento de cerca de R$ 295 milhões, segundo o site e-Bit – que fornece informações sobre comércio eletrônico no Brasil –, 30% a mais que 2007. E a estimativa deste novo setor da economia brasileira é que em 2010 o volume de negócios pela Web ultrapasse a barreira dos R$ 100 bilhões.

Ilustração por MAURÍCIO ARAYA

A administradora Lois Ribeiro faz parte do grupo de consumidores que movimenta o segmento de comércio eletrônico. Entre as principais compras que realiza pela Internet, a administradora afirma que seus produtos favoritos são livros, CDs, DVDs e presentes originais, como flores, por exemplo. Ela afirma que é atraída pela diversidade do que encontra pelas lojas virtuais. “A variedade de produtos que a Internet oferece, que nosso estado ainda não oferece. As formas de pagamento também são boas”. Ainda sim, Lois afirma que faz uma busca pelas lojas da cidade, antes de comprar pela Web, com as especificações que ela retira dos sites das fabricantes.

E-commerce local
No Maranhão, o comércio eletrônico também abre as portas. No último mês de maio, foi lançado um site pioneiro, que começa a explorar esse novo segmento do comércio on-line no estado: o ShoppingRuaGrande.com. Por enquanto, o site é uma espécie de vitrine eletrônica para as lojas do circuito Rua Grande, o maior centro comercial de São Luís. Mas o projeto da The Executive Networks, proprietária do site, é de, em breve, implementar o e-commerce propriamente dito. Abraão Salomão Neto, diretor da The Executive Networks, garante que, em breve, os consumidores maranhenses terão um uma nova opção de compra na Internet. “Certamente todos poderão fazer suas compras online. Aliás, a ferramenta para o e-commerce já esta instalada no site, mas ainda não foi divulgada”, afirma o diretor.

Os internautas também vão poder conferir os Classificados ShoppingRuaGrande.com, que será o primeiro “classificadão” on-line do estado. O projeto está em fase final de programação. O grupo está em negociação, também, com um canal de TV, para a exibição de um programa exclusivo do ShoppingRuaGrande.com, e também com um jornal impresso local, para que os anúncios classificados publicados sejam disponibilizados on-line. O grupo também vai criar um programa de milhagem para fidelização dos clientes, com a acumulação de pontos em troca de vantagens para o consumidor, como: assinaturas de jornais e revistas, lanches, locação de veículos, ingressos para parques de diversões e shows e muito mais.

O grupo The Executive Networks comemora os excelentes resultados da nova vitrine eletrônica. No primeiro mês, o site teve cerca de 100.000 acessos, superando à expectativa da diretoria da empresa.

Resistência e garantia
Mas ainda existem pessoas que resistem às facilidades do comércio pela Internet. Sandra Pascam é jornalista e nunca comprou pela Web. Ele diz que nunca teve necessidade de comprar pelo computador: “Tenho Internet, só que não tenho interesse em comprar. Nunca tive necessidade de comprar via Internet. Eu acho que, quando eu preciso comprar uma coisa, eu prefiro comprar em uma loja. Até mesmo porque, o que eu acompanho também na Internet são compras que você faz e na hora não recebe”. A jornalista afirma que conhece duas pessoas que foram lesadas por compras mal-sucedidas pela Internet, o que a fez ter receio pelas compras na Web.

Ouça a entrevista feita com a jornalista Sandra Pascam

Jessie Machado também nunca realizou compras pela Internet. A engenheira eletricista prefere comprar o que lhe é acessível. “Eu gosto de comprar o que eu estou vendo”, afirma. Ela chama a atenção para um fator importante em qualquer relação de consumo, seja pelo computador ou não: a garantia. “Você não sabe, no caso de um defeito, a quem recorrer, porque às vezes o produto não tem assistência técnica no lugar onde você mora”. A engenheira, no entanto, não nega que futuramente possa comprar pela Web: “A tendência é que tudo vá para essa parte de Internet, de lojas virtuais. Porque agora basta um escritório, mesmo numa casa, e você pode oferecer os produtos. Agora, tem essa questão que não sei se está sendo pensada: essa parte da garantia, de dar um problema ou de uma devolução, por exemplo. A gente tem que ter essa garantia. Assim como está se vendo a facilidade para se comprar, tem que se ver a facilidade para a devolução do produto, troca e assistência técnica. Ao mesmo tempo em que se vende pela Internet, teria que se dar a orientação de como proceder nesses casos”. Ela defende também a existência de uma legislação específica para as compras on-line: “Numa loja, você não tem direito, se der algum problema em um determinado tempo, à troca ou conserto? No caso virtual, isso não fica claro”, finaliza.

Tranqüilidade na hora da compra
O cuidado na hora de comprar pela Internet é fundamental para a segurança do internauta. Para que não haja frustrações dos e-consumidores, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico elaborou uma cartilha, chamada de “Compre com tranqüilidade pela Internet”, que possui várias recomendações de segurança para compras na Web. A cartilha fala sobre a proteção de dados pessoais, cuidados na hora da identificação do fornecedor ou da loja virtual, além de apresentar os meios de requisitar ajuda caso haja desrespeito aos direitos do consumidor. A cartilha está disponível pelo endereço eletrônico www.camara-e.net/e-consumidor.

Confira o vídeo sobre o assunto
Reportagem do Jornal do Meio Dia (TV Verdes Mares) exibida em 23/08/2007: