terça-feira, 10 de junho de 2008

VIA INTERNET: Identifique o vício e tire proveito do que a rede mundial de computadores tem de melhor

Por Dalva Rêgo


Eles sabem mexer em tudo. Ligam e desligam qualquer computador em minutos, montam peças de micros, jogam manuseando teclado e mouse sem tirar os olhos da tela, descobrem o mundo de clique em clique. O que, para muitos, representa modernidade, para outros, já se tornou um grande pesadelo.

Mas é possível tornar a internet e o uso do computador parceiros do que alguns especialistas já chamam de “educação tecnológica” no século 21 de crianças e adolescentes, seja em casa, na escola e, até mesmo, nas lan houses - casas que alugam o tempo de uso do computador.


Pesquisas recentes dão conta de que as lans são o “passa-tempo” favorito de 60% dos adolescentes de classe média no Brasil

VÍCIO
Algumas pessoas são viciadas em drogas, no jogo e no tabaco. Já outras são em passar horas na horas na internet, fenômeno que um crescente grupo de especialistas do mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos, considera um problema psiquiátrico.

O vício na rede já foi diagnosticado por alguns estudiosos como uma dependência da internet, e estima-se que de 6% a 10% dos cerca de 189 milhões de internautas nos EUA sofram desse mal.

De acordo com os estudos mais recentes sobre a chamada "compulsão à internet", o vício pode ser detectado no caso de comportamentos relacionados à rede mundial de computadores que interfiram na vida de uma pessoa, causando stress agudo na família, nas relações de amizade e até no trabalho.

Assista a um documentário sobre a relação da Internet com a vida não-virtual

Uma pessoa que passa horas por dia em frente ao computador navegando pela internet, enviando e-mails, negociando ações, em salas de bate-papo ou jogando pode ser considerada um "ciberviciado" e, portanto, precisa de ajuda. Foi a essa constatação que especialistas norte-americanos chegaram tomando como base diversos estudos feitos nas universidades dos Estados Unidos.

Conheça os sintomas dos viciados em Internet

INFIDELIDADE
Os doentes cibernéticos entram em um círculo vicioso, já que a perda de auto-estima cresce à medida que aumenta a dependência em relação à internet, o que eleva a necessidade de escapar da realidade e de se refugiar na rede. A infidelidade via internet acaba sendo o problema mais comum entre os viciados.

Veja o que os psicólogos falam a infidelidade na Internet

Outros tipos de dependências são as relacionadas com atividades interativas como o "bate-papo", a mensagem instantânea e os video games, assim como os sites de apostas, leilões e compras. Para os especialistas, os viciados em internet tendem a ter outros problemas psiquiátricos, como depressão e ansiedade, ou a enfrentar relações familiares problemáticas. Essa tese é confirmada no resultado de pesquisas citadas por psiquiatras especializados na “internet-dependência", que revelam que mais de 50% dos viciados em internet também são dependentes de drogas, álcool, tabaco e sexo.

Internet e drogas: tudo igual

EDUCAÇÃO CIBERNÉTICA
Tadeu tem 14 anos. Há pouco mais de 6, teve o primeiro acesso à internet. Hoje, ele liga o computador e, sem perder tempo, entra no Messenger, programa de bate-papo virtual, abre a caixa de e-mails e vê o que tem de novidade também no Orkut, um dos maiores sites de relacionamentos da internet. As atividades, quase sempre, têm a supervisão dos pais.

Tadeu fica apenas 3 horas por dia em frente ao computador.

“Acompanhamos sempre que dá porque precisamos saber se o que ele está fazendo pode prejudicar alguém ou até ele próprio. Estabelecemos limites porque eles realmente precisam existir. Tudo em excesso prejudica, né? E ainda bem que ele já se deu conta disso.”, diz o pai de Tadeu, Fernando Oliveira.

Tadeu desabafa: “Claro que hoje sei dos perigos que as pessoas desavisadas correm na internet, um mundo em fronteiras, mas a internet também traz muitas coisas boas. Eu compartilho experiências, reencontro amigos e ainda tive a oportunidade de começar a realizar meu sonho, né? Hoje eu toco numa banda de rock graças às pessoas que conheci nas comunidades do Orkut. Acho que só preciso saber diferenciar e desconfiar sempre, né?”.

TUDO COMEÇA NA INFÂNCIA
Nem só de benefícios é feita a internet. Se utilizada em excesso, os prejuízos à saúde do usuário podem ser psicológicos e até físicos. Perigos que, segundo os especialistas, precisam ser evitados ainda na infância.

Em São Luís, algumas escolas já têm essa preocupação. É o caso do jardim de infância do Colégio Crescimento, onde a maioria das crianças do maternal tem acesso à internet em casa, mas lá a criançada, em vez de aula de informática, tem muita atividade física, com cantigas e brincadeiras de roda. “Essa foi a forma que a gente encontrou para compensar tanta inclusão digital tão cedo, entende? Se as crianças têm isso em casa, vamos dar o diferencial para elas aqui.”, explica Danielle Buna, psicopedagoga da escola.

De acordo com Danielle, em uma sociedade que, atualmente, respira tecnologia, onde as crianças geralmente já nascem no ambiente digital da era da informação, o ideal é tanto a família como a escola buscarem um equilíbrio entre lazer e necessidade na hora da garotada usar o computador.

Segundo ela, “os pais até podem incentivar os filhos a usar o computador, mas de maneira inteligente. Nunca deixar o computador no quarto do filho, sempre perguntar sobre o que eles pesquisam, se interessar pelos jogos e saber se eles, de alguma forma, influenciam o comportamento do filho... Tem uma série de coisas que precisam ser levadas em consideração. E o mais importante: se a criança ou o adolescente demonstrar um comportamento diferente, dialogue, buquê ajuda profissional, faça qualquer coisa, só não deixe seu filho se perder num mundo que ainda é desconhecido.”.