terça-feira, 10 de junho de 2008

REVIVAL TOTAL


Moda via século XXI. Enquanto todos se preocupam com o futuro, a indústria da moda finca os pés no passado.

Por Thiago Borges e Bruno Carramilo.

Apertem os cintos, o futuro chegou

Os anos 2000 estão aí, e ao contrario do que muitos imaginavam, não estamos andando em carros flutuantes ou usando roupas espaciais, tão pouco temos uma empregada domestica robô. Não, ainda não vivemos no desenho dos Jetsons, porém a moda deu sim grandes passos no tempo espaço.

No século XXI a moda se arma de tecidos alto-performàticos, que absorvem a umidade provocada pelo calor e mudam de cor de acordo com a disposição dos raios solares; O Brasil se firma na industria da moda internacional e seu estilo de produção è considerado um dos mais criativos do mundo, fora as modelos ícones como Gisele Bündchen, Raquel Zimmerman e Carol Trentini que se destacam na passarela mundo a fora.

Estes são apenas alguns exemplos desse avanço. Mas apesar de toda essa evolução, a moda se encontra em um estagio chamado pelos grandes especialistas desde a metade da década de 90 de “supermercado de estilos”, ou seja, não existe uma só tendência e sim várias. Não se sabe até que ponto este fator é positivo ou negativo. O que acontece é que, por um lado o designer perde seu total poder na ditadura de tendências, e por outro lado o público ganha mais autonomia no processo de criação. Apenas uma coisa é certa, os profissionais da moda e mesmo o público consumidor que não se adaptar esta fadado a ficar para trás.


Gisele Bündchen – Ícone nacional e internacional


Nos tempos da vovó – anos 50

Luxo e glamour tomavam conta da mulher da década de 50. O new look criado por Christian Dior no final dos anos 40, foi à silhueta da vez por toda a década. Vestidos com muito tecido chegando aos tornozelos, cintura bem marcada, sapatos com longos saltos, luvas, jóias e peles faziam parte do figurino da mulher elegante.

Com os vestígios da 2º guerra mundial, não só os norte-americanos, como as grandes potencias mundiais, Inglaterra, Franca, Itália e Alemanha não tinham tempo para o lazer e demais ocupações com a familia, saúde, beleza, diversão e entretenimento. Após esse período conturbado, a mulher passou paro o estagio de consumidora a procura de luxo e sofisticação. O cuidado com o rosto passou a ser primordial. Grandes industrias de cosméticos lançaram produtos como sombras, rímel, lápis e delineadores. Os looks da época eram o coque ou o rabo de cavalo de Brigitte Bardot, a franja com ar de menina de Audrey Hepbum, ou o ar de loira fatal das pin-ups. No entanto a maior referencia foi mesmo Marilyn Monroe com sua ingenuidade de menina e sensualidade de mulher. Muitos itens tornaram-se referencia para as mulheres em busca do que havia de mais chique no mundo das celebridades, como o lenço de seda de Audrey Hepburn ou o perfume Chanel nº 05 de Marilyn Monroe.

O mundo passava por transformações. A guerra fria travada entre Estados Unidos e a antiga União Soviética marcou a corrida rumo ao espaço e trouxe benefícios aos norte-americanos, que passaram a gozar da prosperidade, ganhando cada vez mais jovens consumistas. A televisão passou a fazer parte da vida dos americanos, que agora podiam acompanhar noticias das celebridades do cinema a qualquer momento, como o casamento de Grace Kelly. Também era chegada a hora da rebeldia. O rock se popularizava cada vez mais com Elvis Presley e a juventude começou a fazer sua própria moda.

Assim surgiu o sportwear, caracterizado pelas saias de rodas, calcas cigarrete, jeans, suéter e sapato baixo. Na moda masculina os ídolos do cinema eram quem influenciavam o estilo rebelde. A calça jeans com barra virada e a camiseta de malha foram extraídas diretamente dos filmes “Juventude transviada” e “Um bonde chamado desejo”, protagonizadas respectivamente por James Dean e Marlon Brando, e concretizaram de vez por todas a t-shirt como peca imprescindível no guarda-roupa informal masculino.


Marilyn Monroe - Ícone da década de 50


Caminhando para o futuro, 60, 70, 80,...

Desde os anos 60, com a contra-cultura, que os jovens passaram a dar pitadas no direcionamento da moda. Mas este poder ainda era limitado a uma minoria de artistas, músicos e atores. Foi assim nos anos 70, com o descolado Black Power, influenciado pelo movimento hippie dos anos 60. Elegância e gingado se misturavam em calcas boca de sino e camisas multi-estampadas.

Já no final da década a Inglaterra apresentou ao mundo o movimento punk. O cenário era urbano e agressivo. A rebeldia dos punks trouxe uma serie de apetrechos inovadores a moda. Era comum o uso de botas, jaquetas de couro, calcas justas e rasgadas, acessórios metálicos e pontiagudos, alem de cabelos coloridos ou em estilo moicano. Nos anos 80 houve o famoso turbilhão de influencias. Novas tribos apareciam a todo instante, uma verdadeira confusão de estilos e cores. Tendências eram criadas e seguidas fielmente por seus simpatizantes, e essa foi justamente a principal característica da década.

Ainda nesta década, os góticos trouxeram a moda um aspecto romântico, mais relacionado a religião e existencialismo. Usavam muito preto, delineadores e um semblante pálido. Já os Yuppies, surgiram sob o reflexo do mercado financeiro. Eram jovens profissionais bem sucedidos, que queriam ter sua identidade particular elegante, porem com sofisticação e estilo. Quem se destacou nesta época foi o estilista italiano Giorgio Armani, com suas roupas de linho ou crepe, que traziam cortes refinados. Suas roupas se tornaram sinônimo de elegância no show business, sendo bem aceito tanto por homens quanto por mulheres, o que dava um ar andrógino ao jovem da época. Mas o individualismo também marcou a década de 80, com artistas como Madonna, Cyndi Lauper e Prince fazendo a cabeça de muita gente. Abusavam do colorido, somado a cortes de cabelo armado.


Madonna – transformando os anos 80

...90, 2000, Supermercado de estilos,...

O século XXI chegou com uma proposta diferente, o “supermercado de tendências”. Na verdade este conceito surgiu nos anos 90, com o surgimento de varias vertentes em evidencia. Clubbers, drag queens, ravers, grunges, entre outros grupos, fundiram e misturaram estilos. Não havia mais a necessidade de se seguir fielmente uma tendência, pois as tribos urbanas criavam suas próprias tendências. As ideologias se misturavam e todos podiam se dar ao luxo de experimentar. Assim foram absorvidas diversas referências vindas de distintas realidades. Grupos e subgrupos formando uma nova proposta. Foi a verdadeira globalização da moda. A aceitação de novas pessoas, conceitos e valores culturais.

O mesmo acontece hoje nos anos 2000, a diferença é que existem mais referencias para os profissionais e público consumidor. Para os estilistas, é a grande chance de mostrar sua capacidade de criação, inserindo variados elementos em suas coleções, como o retrô e o vintage. O individualismo também está em alta. Ser único e ter estilo próprio, mesmo em meio a tanta variedade e saber extrair dessa variedade, é o grande diferencial da moda hoje em dia.
Os estilistas perderam bastante seu poder de influencia, tendo que procurar um nicho de mercado e trabalhar em cima dele para poder obter sucesso. A moda exige muito mais atualmente. Os lançamentos não são mais seguidos ao pé da letra, pois a grande idéia agora é a adaptação do que os profissionais criam, colocando o traço pessoal em cada estilo.

O que existe hoje nada mas é quem um retorno às décadas passadas, uma mistura de tudo o que se usou nos últimos 50 anos. Misturar tudo sem parecer ridículo tornou-se um talento especial, mas para quem não anda tão antenado é sempre bom pedir ajuda a quem entende do assunto. O ideal seria um personal design, mas também pode ser uma amiga, o atendente da loja que você freqüenta ou até mesmo sua filha. Não tem erro, como você pôde perceber existem varias possibilidades a serem testadas, tudo de acordo com o seu estilo pessoal, seja ele esportivo, urbano, despojado, elegante, entre outros. É só deixar a imaginação e o bom gosto fluírem, e lembre-se: você tem 05 décadas para pesquisar à-vontade. Acho bom ir começando.